"O DRAMA DE ANTÓNIO GOMES” – QUEM ASSUME AS RESPONSABILIDADES?

15-09-2011 08:04



Um jovem de 23 anos, da Brava, a estudar em Coimbra, ficou paraplégico no decurso de um acidente quando se deslocava ao serviço da Direcção Geral de Apoio ao Processo Eleitoral. A embaixada em Lisboa dá-lhe moderado apoio, mas faltam definir responsabilidades definitivas. A família sente-se impotente.


António aguarda que as partes assumam integralmente as suas responsabilidades.

 

 

O ACIDENTE

No período que antecedeu as últimas eleições para a Assembleia Nacional, António Carlos Teixeira Gomes, um jovem de 23 anos natural de Vila Nova Sintra, Brava, estava ao serviço da Comissão Nacional de Recenseamento Eleitoral em Portugal, sob a alçada da Direcção Geral de Apoio ao Processo Eleitoral (DGAPE), mas um trágico acidente de viação, quando ia em serviço dessa comissão, deixou-o paraplégico, frustrando as expectativas que o levaram a sair de Cabo Verde para continuar os seus estudos na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, em Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra e, mais tarde, ingressando num mestrado na sua área de formação – a Informática -, na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra.


Um violento acidente, ocorrido em Novembro do ano transacto - na via rápida (A24) que liga Castro Daire a Viseu -, pôs António paraplégico e causou ferimentos numa jovem de 22 anos e no condutor, de 44, que conduzia a viatura da Embaixada de Cabo Verde.


Internado na Unidade de Cuidados Intensivos dos Hospitais da Universidade de Coimbra (UCI-HUC), com diagnóstico reservado, o jovem foi registando algumas melhoras, surpreendendo mesmo a equipa médica, sendo depois transferido para o Centro de Medicina de Reabilitação Rovisco Pais, unidade de saúde da Região Centro de Portugal. A meio de Julho voltou aos HUC e, actualmente, já regressado a Rovisco Pais, continua a registar graves problemas respiratórios e, consequentemente, precisa de tratamento adequado.


António Gomes não assinou qualquer contrato com a DGAPE – o que não deixa de ser estranho, tratando-se de organismo do Estado -, não sendo muito claro, por tal, quem, com rigor jurídico, irá assumir integralmente os custos dos seus tratamentos e os encargos com o seu futuro desviado dos objectivos iniciais por via do acidente. A família é pobre e os custos do apoio directo e presencial da mãe implicaram, por exemplo, o seu abando do emprego em Cabo Verde.


A companhia de seguros – a portuguesa Tranquilidade -, em princípio assumirá o pagamento dos tratamentos de António, porém, desde Janeiro que não tem qualquer contacto com a família. Por sua vez, a Embaixada de Cabo Verde assume os custos de estadia de sua mãe, Arminda, mas amigos da família pensam que as autoridades cabo-verdianas deverão manifestar um empenhamento mais activo, nomeadamente apoiando financeiramente a presença, em Coimbra, de outro familiar que possa, de algum modo, atenuar o “fardo” de Arminda e dar-lhe o calor humano que o drama do filho aconselha. E, de igual modo, serem mais solidárias contabilizando as perdas desta mãe por razão da sua forçada ausência do trabalho, colmatando as dificuldades de quem agora não recebe qualquer salário. Por exemplo, o Estado cabo-verdiano – ao contrário do que seria justo e sério – não paga as deslocações diárias de Arminda, fundamentais para o equilíbrio psicológico de António.


O grau de responsabilidade das partes, quer da companhia de seguros, quer do Estado cabo-verdiano através da DGAPE, não está definido e a comunicação entre a embaixada em Lisboa e a mãe do jovem parece registar algumas deficiências.

Por princípio, a Tranquilidade assume o pagamento dos tratamentos, mas resta definir quem suporta os encargos de uma assistência médica permanente, que se vai exigir no futuro da vida de António.

Neste impasse, a DGAPE continua a “analisar o enquadramento” do caso, quando a emergência desta vida amputada exige decisões imediatas que não obstem a cuidados médicos continuados e a alguma qualidade de vida de quem sofreu um acidente quando estava ao serviço do Estado de Cabo Verde. E há, ainda, questões jurídicas envolvidas, nomeadamente concernentes à indemnização a que António Gomes tem naturalmente direito, depois de definido o grau de incapacidade por uma junta médica.

 

De Lisboa vem apelos para solidariedade de familiares e amigos do Antonio. Bravanews solidariza com este caso e apela a todos, associações, pessoas individuais, que se empenham na divulgação do caso, para que se encontre vias de apoio quanto antes.

Djoy Aires, um dos amigos  de Antonio faz este apelo: “António e a mãe, Arminda, precisam da mão amiga de todos. É hora de actualizar a tão famosa solidariedade e morabeza do povo crioulo para com um irmão que teve a infelicidade de se ver a braços com uma triste realidade. Ele precisa da nossa ajuda e precisa já. Por favor divulgue o caso o quanto antes.”

001 (3510) 966013245 – Contactos de mãe de Antonio em Portugal