FIÉIS A KHADAFI FOGEM PARA OESTE

Lisboa, 24 Fevereiro - Tobruk está perdida. A cidade do leste da Líbia, onde se encontra parte significativa dos campos de petróleo está sob controlo dos opositores de Khadafi. O coronel transferiu as tropas para oeste e centrou posições em Tripoli – única cidade do país onde ainda, mas de forma precária, concentra apoiantes do regime. Mas, mesmo aí, as deserções não param colocando o ditador próximo do fim.

Segundo organizações de direitos humanos, cerca de 640 pessoas já teriam morrido no país, um número que é o dobro do indicado pelo governo. Mas, ontem, cidadãos estrangeiros que ainda se encontram na Líbia especulavam sobre a possibilidade de o número de vítimas mortais poder já saldar-se em milhares, adiantado que o número de feridos poderia rondar os 50 mil.

Especulações à parte, a matança prossegue, particularmente em Tripoli, onde a presença de membros de milícias e de mercenários estrangeiros constituem a “quinta coluna” de Muammar Khadafi que, temendo o fim, já começou a pôr a família a recato, longe de um país que corre sério risco de se desintegrar, dividindo-se sob o controlo das cerca de 20 tribos e clãs. Tripoli é uma cidade sem lei onde mercenários e fiéis de Khadafi, movidos pelo desespero e a vingança, matam indiscriminadamente quem suspeitem ter simpatias pela oposição. Fonte do Liberal garantiu que as ruas da cidade, após a fuga de Tobruk, se tornaram mais violentas nas últimas horas.

TRIPOLI SOB A MIRA DE MERCENÁRIOS

E o tunisino Marwan Mohamed, após cruzar a fronteira como o seu país, alertou a imprensa internacional: "Muitas pessoas estão com medo de deixar suas casas em Trípoli já que atiradores de milícias pró-Kadafi estão nas ruas ameaçando qualquer um que se junte em grupos",

A ideia que se afirma no terreno é a de que “Khadafi está desesperado, sente o fim próximo, tem consciência que perdeu o controlo e foi abandonado pelos seus próprios companheiros”, referiu ao Liberal um jornalista que se encontra em Tripoli. E, após a perda de Misrata – a Oeste da Líbia -, ficou mais claro ainda que o ditador cada dia que passa vê o precário poder a esvair-se.

Edifícios do governo foram cercados e ocupados um pouco por todo o país, nomeadamente em Sabratha, cidade a oeste de Tripoli, não tendo os mercenários a soldo de Khadafi conseguido retirar os manifestantes das ruas.

E, mesmo na capital, a situação começa a estar perdida para o ditador, a um apelo para manifestação de apoio compareceram apenas 150 pessoas, exibindo a bandeira líbia e um retrato de Khadafi.

É o fim de uma era. Khadafi é apenas um cadáver político adiado